Previsto para ser fechado em 1º de junho de 2012, o Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho (AMJG) – o maior aterro sanitário da América Latina – operou em metade dos seus mais de 30 anos de atividade como um lixão a céu aberto. Somente em 1996 teve início um processo para transformar Gramacho em aterro controlado – quando se adotaram medidas para minimizar a agressão ao ambiente. Criado em 1978, no período da ditadura militar, em uma área de 1,3 milhões de m², onde se localizava um grande manguezal à beira da Baia de Guanabara, o AMJG atingiu em 2005 o que então se acreditava ser sua capacidade máxima: as pilhas de detritos alcançaram até 80 metros de altura.

Recebendo cerca de 8.000 toneladas de resíduos sólidos por dia, especialmente da cidade do Rio de Janeiro (6.500t/dia), o AMJG também foi responsável por sérios impactos sociais: além do enorme trânsito de caminhões dia e noite no bairro de Gramacho e do surgimento de empresas recicladoras legais e clandestinas, milhares de pessoas vieram se instalar ou trabalhar no entorno do AMJG, diante da falta de emprego e em decorrência de outras situações.

Atuando como catadores de lixo, expostos a riscos variados, vivendo em habitações precárias, convivendo com índices elevados de doenças como hanseníase e situações de violência diversas, os moradores do local temem as consequências do encerramento das atividades de Jardim Gramacho, do qual retiram seu sustento. O AMJG, “vizinho” à Refinaria Duque de Caxias (REDUC), pode ser considerado um exemplo de injustiça ambiental, e contribui para o quadro de “zona de sacríficio” que se pode atribuir à Duque de Caxias, cidade onde está situado.
1) Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho.
A instalação do Complexo Industrial formado pela Refinaria Duque de Caxias (REDUC) e pela antiga Fábrica de Borracha Sintética (FABOR), em 1961, representou um marco extremamente importante para o desenvolvimento econômico do município de Duque de Caxias (e do Estado do Rio de Janeiro). Aos poucos, formou-se um complexo petroquímico no distrito de Campos Elíseos. Em Duque de Caxias, cerca de 76% das indústrias são ligadas ao setor químico.

Contudo, na cidade, não houve o planejamento urbano necessário para receber as populações que vinham trabalhar na REDUC e em outras indústrias que se instalavam na região, bem como em outras atividades econômicas que surgiam ao seu redor. As pessoas que chegavam à Baixada Fluminense não encontravam um mínimo de infra-estrutura urbana, estabelecendo-se em geral em loteamentos precários criados de maneira desordenada.

O montante de impostos pagos pela refinaria corresponde a cerca de oito vezes a receita tributária de Duque de Caxias, sendo a REDUC responsável por cerca de um terço da arrecadação da cidade. Apesar disso, a população do seu entorno está mais exposta a uma gama de situações consideradas de risco, tais como: habitações precárias, em locais com riscos de enchentes, falta de equipamentos públicos de saúde, abastecimento regular de água tratada e de outras ações de saneamento, que se somam aos riscos de vazamentos de gases, óleo (como o de 2000), lançamento de efluentes industriais nos rios e Baía de Guanabara, contaminação de solos, transporte de cargas perigosas, armazenamento de combustíveis e outros derivados do petróleo, emissões gasosas, explosões e incêndios (como o de 1972), além da dificuldade de inserção em postos de trabalho na Refinaria e outras empresas do Pólo Petroquímico (quando conseguem, em geral, são como terceirizados, em funções que exigem menor qualificação e maior exposição a riscos).
2) Refinaria Duque de Caxias(REDUC) Pólo Petroquímico de Duque de Caxias e seu entorno.
Área de 19 Km², com feições rurais, de propriedade federal, foi criada em 1943 inicialmente como “Cidade das Meninas”, para abrigar crianças órfãs e/ou carentes.

É um dos casos mais emblemáticos de injustiça ambiental envolvendo um cenário de contaminação ambientalcrônica por organoclorados, especialmente o hexaclorociclohexano (HCH) após desativação em 1962 do Instituto de Malariologia e sua fábrica de inseticidas, instalados na área em 1947.

O problema, que se arrasta por 50 anos, até hoje não resolvido, envolve os resíduos de inseticidas abandonados no local e em outros focos e diversos atores sociais: crianças pobres sob tutela do estado; funcionários dos Ministérios da Saúde e da Previdência Social; trabalhadores e ex-trabalhadores da fábrica de inseticidas; administradores públicos; tecnocratas de alto escalão; ONG’s ambientalistas e moradores, entre outros.

Embora hoje o internato esteja desativado, o problema ainda envolve várias famílias de funcionários e ex-funcionários que residem no local.

Cidade dos Meninos é hoje também palco de um conflito envolvendo moradores e as obras do Arco Metropolitano, que atravessa o local e irá ligar Itaboraí, onde está sendo construído o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e o pólo siderúrgico de Itaguaí / Sepetiba, onde está a TKCSA.
3) Cidade dos Meninos.
4) Área de Proteção Ambiental (APA) São Bento/ Museu Vivo São Bento
Duque de Caxias
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Baía de Guanabara
Metropolitan Embankment of the Gramacho Garden. Scheduled to closed on 1 June 2012, the Metropolitan Landfill of Jardim Gramacho (AMJG) - the largest landfill in Latin America - has operated in half of his 30 years of activity as an open dump.It was only in 1996 that the first steps to minimize environmental degradation at the Gramacho landfill began. Created in 1978, during the military dictatorship, in an area covering 1.3 million square meters of former swamp land on the edge of Guanabara Bay, the AMJG reached in 2005 what was then believed to be its maximum capacity: the piles of debris reached up to 80 feet tall.

Receiving about 8,000 tons of solid waste per day, of which 6.500t/day came from the city of Rio de Janeiro, the AMJG was also responsible for serious social impacts: beyond the massive traffic of trucks traveling day and night in the neighborhood of Gramacho and the emergence of legal and illegal recycling companies, thousands of people came to settle or work in the vicinity of AMJG, due to unemployment and other considerations.

Working as garbage collectors, exposed to various risks, living in substandard housing, with high rates of diseases like leprosy and suffering from various forms of violence, local residents fear the consequences of the closing of Jardim Gramacho, from which they derive their livelihood .The AMJG, "neighbor" to the Duque de Caxias Refinery (REDUC), can be considered an example of environmental injustice, and contributes to the "zone of sacrifice" that can be attributed to Duque de Caxias, the city where AMJG is located.
1) Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho.
The installation of the Industrial Complex formed by the Duque de Caxias Refinery (REDUC) and the former Synthetic Rubber Factory (Fabor) in 1961 represented an extremely important landmark for economic development in the municipality of Duque de Caxias (and the state of Rio de January). Gradually, a petrochemical complex in the district of Campos Eliseos was formed.In Duque de Caxias, about 76% of the industries are related to the chemical industry.

However, in the city, there a lack of urban planning needed to receive people who came to work in REDUC and other industries that settled in the region, as well as other economic activities that arose around it.People who arrived at the Baixada Fluminense (Lowlands of Rio de Janeiro) could not find basic urban infrastructure, generally disorderly settling in precarious encampments.

The amount of taxes paid by the refinery is about eight times the tax revenue of Duque de Caxias, as such, REDUC is responsible for about one third of the revenues of the city. Nevertheless, the surrounding population is more exposed to a range of situations considered at risk, such as: substandard housing located flood-planes; a lack of public health facilities; an irregular supply of clean water and sanitation; the risk of gas and oil leaks (as occurred in

2000); the release of industrial effluents into rivers and Guanabara Bay; soil contamination;
transport of hazardous materials, storage of fuels and other petroleum products; gas emissions;
explosions and fires (as occurred in 1972); and challenges of finding work in the refinery and other companies in the Petrochemical Zone (when work is available, it is generally through sub-contractors, in roles that require lower qualifications and greater exposure to risks).
2) Duque de Caxias Refinery (REDUC) / Petrochemical Complex of Duque de Caxias and
its surroundings.
Initially founded in 1943 as "Cidade dos Meninos (Boys Town)" so as to house orphans and other children in need, the city covers a mostly rural area of 19 square kilometers.It is one of the most emblematic cases of environmental injustice involving a scenario of chronic environmental contamination by organochlorine compounds, especially hexachlorocyclohexane (HCH) the Institute of Malaria and its insecticide factory, originally installed in the area in 1947, were deactivated in 1962 .

The problem, which has dragged on for 50 years, remains unresolved and involves residues of pesticides left on site and on a host of social actors: poor children under the guardianship of the state, officials from
the Ministries of Health and Social Security, workers and former workers from the insecticide factory, public administrators, senior technocrats, NGOs, environmentalists and residents, among others.Although today the orphanage is disabled, the families of employees and former employees who reside on site are still impacted by this problem.

Boys Town is now also the scene of a conflict involving residents and the Arco Metropolitano public works project, which crosses the site and will link Itaboraí, where the Petrochemical Complex of Rio de Janeiro
(Comperj) is being build, with the steel zone of Itaguai / Sepetiba, where TKCSA is located.
3) Cidade dos Meninos (Boys Town).
The Environmental Protection Area of ​ ​ St. Benedict, created to preserve a portion of the floodplain of the Iguazu River near its mouth, next to the Duque de Caxias Refinery, is host to many environmental conflicts in 2012 involving clandestine subdivisions, clay removal sites, possible contamination of Sarapui River's sedimentary deposits, flooding, proximity to

REDUC, among others. But it also houses the headquarters of the Centre for Historical Heritage Reference of the Municipality of Duque de Caxias (HPRC) and the St. Benedict Living Museum, whose histories are related to the struggle of the Association of Research Faculty of History of Fluminense (APPH-Clio) and mobilizations promoted by the State Union of Education Professionals - Center of Duque de Caxias (SEPE / DC).

The St. Benedict Living Museum, a traveling museum, is in this context, a project of resistance, which seeks to preserve the tangible and intangible heritage of an area that crosses several eras, from about 4,000 years ago - with sambaqui discovered in the locality - to the present day, through a colonial church (XVII Century) and the St. Benedict agrarian core, which dates back to the 1930s, a project initiated in the period of President Getulio Vargas.
4) Environmental Protection Area (APA) - St. Benedict / St. Benedict Museum
A Área de Proteção Ambiental São Bento, criada para preservar um trecho da planície de inundação do Rio Iguaçu próximo à sua foz, vizinha à Refinaria Duque de Caxias é palco de vários conflitos ambientais em 2012, envolvendo loteamentos clandestinos, retirada de barro, área de depósito de sedimentos possivelmente contaminados do rio Sarapuí, enchentes, proximidade com a REDUC, entre outros. Mas, também abriga a sede do Centro de Referência Patrimonial e Histórico do Município de Duque de Caxias (CRPH) e o Museu Vivo São Bento, cujos históricos estão relacionados à luta da Associação dos Professores Pesquisadores de História da Baixada Fluminense (APPH-Clio) e mobilizações promovidas pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação – Núcleo de Duque de Caxias (SEPE/DC).

O Museu Vivo São Bento, um museu de percurso, representa, neste contexto, um projeto de resistência, que busca preservar o patrimônio material e imaterial de uma área que atravessa várias temporalidades, desde cerca de 4.000 anos atrás – com o sambaqui descoberto na localidade – até os dias atuais, passando por uma igreja colonial (século XVII) e o núcleo agrário São Bento, que remonta à década de 1930, projeto iniciado no período do presidente Getúlio Vargas.