Magé
Resistência heroica de pescadores contra danos ambientais resulta em criminalização da resistência e ameaça de morte a liderança
Um pequeno grupo de pescadores chamou a atenção do Rio de Janeiro, no primeiro semestre de 2009. Estavam insatisfeitos com a redução de 80% do volume de pesca nas redondezas da Praia de Mauá, em Magé (RJ), região metropolitana do Rio de Janeiro, e com a ausência de diálogo de um novo e gigante vizinho que se instalava ao lado de suas casas. Foi então que os humildes pescadores decidiram ocupar o mar. Sobre uma rude embarcação, colocaram-se em região estratégica do oceano, utilizando suas redes para impedir o tráfego de grandes navios. E ali ficaram por mais de um mês.
Vinculados à Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (AHOMAR), estavam exaustos. Ao lado, estava em andamento um projeto vinculado ao Reduc, de Duque de Caxias pelo consórcio GLP Submarino, que reúne as empresas GDK S.A. e Oceânica. Nas obras, eram instalados os gasodutos da Petrobras. Além dos danos ambientais, elas também invadiam região de importante valor histórico da cidade de Magé. E a empresa, aliada do poder público, não oferecia canais de diálogo com os pescadores. A vida deles tornou-se um inferno.
A ocupação do mar chamou a atenção de movimentos sociais e ongs para a luta dos pescadores, e para a amplitude de problemas do projeto que estava em curso no local. Alguns meses depois, um deles apareceu assassinado em circunstâncias até hoje inexplicadas. A principal liderança dos pescadores, Alexandre Anderson, vive desde então ameaçado de morte, protegido pelo Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH). A Justiça Global acompanha o caso desde 2009.
Alexandre Anderson ganhou a Medalha Chico Mendes de Resistência em 2011. Ele e sua esposa vivem sob ameaça. O empreendimento também já foi acusado, pelas entidades, de outras estratégias de criminalização da resistência dos pescadores. O poder público local, historicamente dominado pela família Cozzolino, se alia ao consórcio contra os pescadores e os ativistas ambientais.
O Sansão e o Golias em Magé
Baía de Guanabara
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Fishermen's heroic resistance against environmental damage results in the criminalization of resistance and death threats for the movement's leadership
A small group of fishermen caught the attention of Rio de Janeiro in the first half of 2009. They were dissatisfied with a 80% reduction in the volume of fishing in the vicinity of Praia de Maua, in Mage, metropolitan region of Rio de Janeiro, the lack of dialogue, and a giant new ¨neighbor¨ that was installed next to their homes. It was then that the humble fisherman decided to occupy the sea. Aboard a crude sea vessel, placed in a strategic region of the ocean, they used their nets to stop the flow of large ships. And there they stayed for more than a month.
Members of the Association of Men of the Sea of the Guanabara Bay (AHOMAR) were exhausted. By their side, a project related to the Oil Refinery of Duque de Caxias, a municipality of Rio de Janeiro, was underway.
The project, led by the GLP Submarine consortium, of the companies GDK S.A. and Oceânica, involved the construction pipelines of the Brazilian´s oil giant Petrobras. In addition to the environmental damage, they also invaded the region of significant historical value for the city of Magé. And the company, together with the government, offered no channels for dialogue with the fishermen. Their lives became a living-hell.
The occupation of the sea caught the attention of social movements and organizations to the struggle of the fishermen and the range of problems related to project. Some months later, a fisherman was killed in circumstances that are unexplained to this day. Alexander Anderson, the main leader of the fishermen´s
movement, and his family have since lived under the threat of death, protected by the National Program for the Protection of Human Rights Defenders (PPDDH) and the Human Rights Secretariat of the Presidency (SDH). Justiça Global, a human rights organization, works on the case since 2009.
Organizations and social movements also accuse the companies of other strategies to criminalize the resistance of the fishermen. The local government, historically dominated by the Cozzolino family, joins the consortium against the fishermen and environmental activists. In recognition of the fishermen´s struggle, in 2011, Alexander Anderson won the Chico Mendes Resistance Medal, named after the Brazilian rubber tapper, trade union leader, environmentalist and human rights advocate, assassinated in 1988.
David and Goliath in Magé
Resistência d@s pescador@s na Baía de Guanabara. Entrevista com Alexandre Anderson
Leia a entrevista
Alexandre Anderson